A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA ENTRE EMBATES E DISPUTAS
O ROMANCE ÚRSULA, LITERATURA AFRO-BRASILEIRA PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA
Resumo
O artigo em tela tem como principal finalidade discutir no âmbito do Ensino de História e Literatura Afro-Brasileira, os embates e as disputas na construção da identidade nacional perpassando conceitualmente no que tange a questão de raça, gênero e literatura. De modo que, ao longo do texto procuramos diante das tensões construídas no recorte do século XIX e na primeira metade do século XX no que tange o processo discursivo e as disputas na formação do Estado nação brasileiro nas dimensões culturais, políticas, sociais, epistemológicas, inserir o romance Úrsula de Maria Firmina dos Reis diante do projeto de modernidade, ou seja, projeto de poder engendrado e construído discursivamente com a objetividade de homogeneizar e desumanizar determinadas culturas (MIGNOLO E PINTO, 2015), um processo monocultural (MUNANGA, 2012). Sendo assim, verificamos através das pistas e indícios por meio do corpus analisado, as potencialidades e possibilidades, especialmente no campo do Ensino de História, rupturas e reconstruções identitárias no que tange os aspectos identitários no processo da construção do Estado nação no contexto brasileiro para uma educação antirracista na contemporaniedade.
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