MY MAD FAT DIARY: uma análise psicanalítica da automutilação na adolescência

a psychoanalytical analysis of self-mutilation in adolescence

Palavras-chave: Automutilação, Adolescência, Psicanálise, My Mad Fat Diary

Resumo

São cada vez mais frequentes relatos sobre a automutilação em escolas, clínicas de saúde e nas redes sociais, que impulsionam o aumento de informação sobre esta prática, promovendo questionamentos sobre os significados e a influência deste ato na vida das pessoas, principalmente quando nos referimos a adolescência, que é um período de grandes transformações, dentre elas, a construção de identidade. O ato de se automutilar significa machucar o próprio corpo de uma forma voluntária, sem a intenção do suicídio, tendo como intuito amenizar o sofrimento vivenciado. Tomando como base a frequência desta prática, surge uma necessidade de definir e pesquisar a respeito do contexto histórico, os aspectos psicodinâmicos e sociais envolvidos na automutilação de adolescentes. Para uma maior articulação sobre a temática, foi utilizada a série televisiva britânica My Mad Fat Diary (2013), enfocando precisamente a personagem Rachel como uma forma ilustrada de discussão de um possível caso clínico. Pode-se dizer que a automutilação no caso da personagem surge com o intuito de descarregar os impulsos destrutivos e libidinais da jovem, que sente alívio por meio da dor em seu corpo.

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Publicado
2021-03-01
Como Citar
Nascimento, R., & Nobre, T. (2021). MY MAD FAT DIARY: uma análise psicanalítica da automutilação na adolescência. Revista Augustus, 26(53), 166-185. https://doi.org/https://doi.org/10.15202/19811896.2021v26n53p166
Seção
Artigos em fluxo contínuo